terça-feira, 12 de agosto de 2008

A RECONSTRUÇÃO

Andava por aí
Tentando novas histórias,
Escrevendo outros textos.

Vinha-se fazendo estranhas confissões.

Abdicou um pouco da inútil tentativa
De conjugar alguns verbos,
Que apesar de regulares,
Resultaram-lhe defectivos:
Como "esquecer", por exemplo.

Deixou de lutar um pouco contra o inevitável.
E, de repente, o peso se estava indo.

Lembrar, apesar de incômodo,
Já lhe era algo suportável.

Aquela ânsia quase insana
Quase nunca dava sinais de vida
E uma misteriosa certeza residia
No que outrora fora devastado

Descobria todos os dias que,
Para a reconstrução,
Era preciso apenas de si,
Fé em Deus,
E tempo...

Resignou-se em esperar não se sabia o que
E em se deixar sentir apenas
Quando tocado por uma bela música
Ou quando reconhecia em textos não seus
O que por ele já fora experimentado.

O que antes causava dor
Agora lhe era uma sensação terna de conforto.

E se antes sofria com o vazio
Agora era completo
De saudade.


Lílian Martins
12.08.08
17h20m