quinta-feira, 17 de julho de 2008

PALAVRAS, APENAS

Apenas de palavras vivo,
De palavras hermeticamente escritas
Em um labirinto verbal.

Palavras escritas ao léu ou a ermo,
Mas que juntas jamais ousam denotar aquilo
Que aceito apenas em momento fortuitos
E etílicos...

Apenas de palavras vivo,
Palavras que anseiam ler outras palavras
Que exprimam mais além de um desejo reticente...

Apenas de palavra vivo,
De palavras profundas
Como versos de Cecília, Vinícius e Quintana,
Repletas de amor, saudades
E vazio...

Apenas de palavras vivo...

De palavras, apenas...


Lílian Martins
17.07.08
14h43m

sábado, 12 de julho de 2008

A DUNA


Aprecio de cima da duna a maravilhosa paisagem...
O vento vindo do mar carrega, aos poucos,
O punhado de areia que tenho na mão.
Reluzindo, rumo ao sol,
Os grãos me escapam por entre os dedos,
Quanto mais os aperte...

E mesmo contrariando a vontade,
Ouço a tácita poesia advinda da cena:

Estou sentada sobre o passado,
Sobre areia já escoada da ampulheta de minha vida...

Sim, alguns anos já me passaram,
Bons e ruins,
E seguem passando, ruins e bons.
Não há nada que se possa fazer para interromper o seu curso.

A duna, móvel, segue aumentando.
Ora se desfaz, seduzida pela brisa;
Ora se refaz, pelo simples fugir do tempo...

Aqui do alto, sentada sobre minha história,
Revisito o recôndito e semi-cerrado baú de minhas lembranças,
De poesias e canções empoeiradas,
De tristezas e emoções,
E de desejo
Inefável...

Sorrio para o vento.

Vasculho um pouco mais o baú
Repleto de metáforas inéditas,
E de construções verbais
Que nasceram sem o dom de encantar,
Sem o poder da retórica.

Em atitude estóica
Fecho o baú, mas não o tranco.

Sigo contemplando a paisagem...

Apesar de estar no alto,
A duna e sua mobilidade não me causam pânico.

Sorrio para o vento que me leva os grãos...

Talvez, um dia, traga-me folhas
Com as palavras
Nunca ditas.

Lílian Martins
13.07.08
01h01m
(Imagem: www.francosegurosaude.com.br/.../dunas-jeri.bmp)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

CREPÚSCULO


O calor solar paulatinamente dá lugar
À fria brisa que anuncia a noite vindoura.
A lua crescente discretamente desponta
Entre os chumaços de nuvens brancas
No azul celestial
No oeste, o sol,
Tímido entre os prédios,
Apresenta novas nuances para os seus raios:
Bronze, marrom e laranja se sobrepõem aos conhecidos
Dourado, amarelo e branco.
E, ao final,
Ao crepúsculo,
Todos se esvaem
Dando espaço aos negros traços
Da escuridão noturna...




Lílian Martins
09.07.08
17h15m
(Imagem: ferrus.blogs.sapo.pt/arquivo/crepusculo_gr.jpg)

terça-feira, 1 de julho de 2008

SONHO

Instante mágico
Realidade Fugidia
Despertar traumático
Vida vazia...


Lílian Martins
27.03.08