sexta-feira, 31 de outubro de 2008

BÚSSOLA

Perdida no espaço,
Alheia a tudo e ao tempo,
Sigo caminhando sem norte
E sem destino.

É árdua a caminhada.

Nada me rodeia...

A paisagem é igual
Em qualquer direção:
Terra erodida,
Parcos cactos ressequidos
Intercalados por caveiras de animais
Mortos por fome e sede...

Sigo rumo ao horizonte.

Não há outra alternativa...

O azul do céu sem nuvens
E o calor escaldante
Turvam-me a vista.

Onde haverei de ter perdido minha bússola?


Lílian Martins
30.10.08
18h10m

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


Há vezes que o pensamento se vai
Restando à cabeça apenas o pesado vazio
Que a faz latejar.

Os olhos tristonhos exprimem
O desespero humano que,
Por um momento,
Julgou não haver mais solução a tantas tribulações.

Nesses momentos em que nada mais parece restar,
Somente um sutil acalanto estranhamente aquece
O coração hipotérmico,
E esse músculo, quase inerte, de repente,
Passa a bombear um sangue renovado,
Tendo esperança e resignação mescladas
A hemácias, leucócitos e plaquetas:

“Deus haverá de estar lhe pondo à prova...
Mas não se preocupe, depois da tempestade virá a bonança...”
Dizem as almas singularmente compadecidas,
Que por pura bondade, sem motivo aparente, apóiam-lhe.

E se apegando sofregamente a essa idéia,
O que é dor começa a se reverter em lágrimas,
Lágrimas agradecidas de quem finalmente
Parece enxergar a luz, no alto do escuro poço.


Lílian Martins
01/10/08
16h03m