sexta-feira, 21 de novembro de 2008

COMBATE

Há verdades e sensações mil num coração
Que lateja e palpita descompassado...

É (auto)destrutiva a franqueza estampada
Nos olhos, no rubor das faces
E na transparência das lágrimas.

Que graça poderá existir na previsibilidade dos atos,
E na fácil leitura da entonação vocal?

Que ganhos pode ter um soldado que
Determinado, franco e sagaz joga-se ao tiroteio
Desprovido de arma, colete e munição?

Na melhor das hipóteses,
Sair ferido...

Ou ferir alguém
Com as pedras que carrega nas mãos...

Não gosto dos filmes de guerra...

...Nem tampouco da superexposição...

É... Talvez traga na cabeça o véu
Do luto por aquele soldado
Determinado, franco e sagaz
Fatalmente ferido durante o combate.


Lílian Martins
21.11.08
12h44m.

SILÊNCIOS

Vivamos de silêncios.
Muitas coisas não deviam ser ditas.
Há mistérios que merecem permanecer mistérios.
Para a ação e o pensamento há incomensuráveis distâncias:
Entre o falar e o calar-se,
Entre o apaixonar-se e o permitir-se,
Entre o mostrar-se e o esconder-se
Entre o ficar junto e o deixar partir...

Há muitas escolhas
E escolhas são sempre difíceis:
Arriscar-se ou anular-se,
Viver ou eximir-se,
Amar-se ou esquecer-se.
Ferir outrem ou ferir-se.

Nunca as respostas serão claras.

Há sempre o condicional, peçonhento e letal:
“E se...”

E se...
...houvera sido diferente...


Lílian Martins
20.11.08
13h32m

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

GRIS

Manhã chuvosa e fria
Incomum na Terra do Sol...
O astro rei hoje parece ainda estar adormecido,
Deitado sobre a nuvem escura e macia...

Talvez sua noite tenha sido longa...

...Talvez tão longa quanto a minha...


Lílian Martins
14.11.08
12h33m

terça-feira, 11 de novembro de 2008

FIM DE TARDE

A tarde fenece.
O vento gelado da central de ar
Deixa minha mão ainda mais fria...
O que esperar desta noite?
Mais uma noite escura
De estrelas opacas e sem lua
De coração pequenino
E silente...

Por que esperar?

Lílian Martins
11.11.08
19h42m

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

MURALHA

Por que te escondes atrás dessa muralha?
Que segurança ela te transmite?

Há tanto do lado de cá do muro!

Há a brisa da tarde que massageia o rosto
Há o gorjeio dos pássaros que acaricia os ouvidos
Há o desenho das nuvens que encanta os olhos
Há o amor, que preenche lacunas do coração
E do espírito...

Por que te escondes atrás desse escudo?
Que proteção ele te propicia?

Não sabes que ele não pode deter as armas
Invisíveis e letais da incompletude e da amargura?

Por que te escondes atrás dessa carapaça?
Ela te dá tanta maleabilidade e destreza quanto dá aos cágados...

Por que te escondes?
Esta auto-proteção é a tua desventura!
Quanto mais te escondes,
Mais estás exposto aos olhos observadores e delicados da Sensibilidade!

Abre-te! Expõe-te de uma vez!
Dize o que te faz bem e o que te faz mal
Escancara o teu humano coração
E deleita-te com o prazer de amar
Simplesmente.


Lílian Martins
05.11.08
13h07m

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

LENDA

Reza uma lenda antiga
Que todos os seres foram criados aos pares
E separados pela graça do destino.
Somente se sentiriam plenamente felizes
Quando se reencontrassem...


Por onde tens andado?


Lílian Martins
05.11.08
17h01m